A obra resenhada discute a geopolítica da energia a partir de uma perspectiva neoliberal institucionalista, propondo uma análise que ressalta o papel dos recursos energéticos como propulsores da cooperação, e não apenas como ferramentas de poder e disputa entre os atores internacionais.Palavras-chave: Geopolítica; Energia; Cooperação.ABSTRACTThe reviewed work discusses the energy geopolitics from a neoliberal institutional perspective. It presents an analysis that highlights the role of energy resources as drivers of cooperation and not just as sources of power and dispute between international actorsKeywords: Geopolitics; Energy; Cooperation. Recebido em: 30 mar. 2020 | Aceito em: 28 jul. 2020.
Resenha do livro Regional Economic Organizations and Conventional Security Challenges, de M. Leann Brown, que tem por objetivo discutir os motivos para que organizações econômicas regionais assumam funções de segurança convencional.
Este trabalho busca identificar quais foram os interesses que motivaram as potências ocidentais a promover a intervenção na Líbia, através da OTAN, em 2011. Nesse sentido, primeiramente será realizada uma análise das justificativas apresentadas por estas para efetuar os ataques à Líbia. Em seguida, serão analisados os interesses imediatos dos principais atores ocidentais na derrubada de Kadafi. Ainda, o trabalho busca analisar o papel adotado pelos países membros da Liga Árabe em relação à questão, procurando demonstrar que a atuação destes respeitava uma agenda própria, e contribuiu para facilitar a atuação das potências ocidentais e a derrubada e eliminação de Muammar Kadafi.Palavras-Chave: Kadafi; Primavera Árabe; OTAN; Intervenção. Abstract: This paper aims to identify the interests that motivated the Western powers' promotion of the NATO intervention in Libya in 2011. Firstly, the powers' justifications for the attacks on Lybia will be analyzed. Then the immediate interests of the major Western actors in the overthrow of Gaddafi will be examines. The work also aims at analyzing the role adopted by the members of the Arab League on the issue, seeking to demonstrate that their behavior respected their own agenda, and helped facilitate the Western powers' action and the overthrow and elimination of Muammar Gaddafi.Keywords: Gaddafi; Arab Spring; NATO; Intervention.DOI: 10.20424/2237-7743/bjir.v4n3p670-693
Este trabalho debate os impactos das relações bilaterais entre o Brasil e a Guiné-Bissau, sobre os crimes transnacionais que circulam na área do Atlântico Sul. A partir de 2003, o governo brasileiro procurou reaproximar as suas interações institucionais com o continente africano. Ainda no início da terceira década do século XXI, o crime organizado internacional persiste, contribuindo para a insegurança nas áreas fronteiriças do entorno estratégico dos países supracitados. Nesse contexto, o objetivo deste artigo é apresentar a cooperação entre ambas as nações para o combate ao tráfico na rota proposta, entre 2003 e 2021, por meio da capacitação dos agentes e do fortalecimento institucional guineense. Com uma abordagem qualitativa e tendo como procedimento de pesquisa a revisão bibliográfica, foram reveladas as ações do Brasil junto à Guiné-Bissau, cujo protagonismo cabe à Agência Brasileira de Cooperação, a fim de mitigar os tráficos de drogas, armas e pessoas. Nota-se que o Estado africano pode contar com o governo brasileiro para o intento de superar os problemas impostos pela insegurança, decorrentes particularmente do narcotráfico. Por conseguinte, possivelmente há contribuições para a redução das vulnerabilidades no eixo em estudo, o que fortalece essa cooperação Sul-Sul.
Este artigo tem como objetivo geral compreender a relação entre o desenvolvimento do nacionalismo somali e algumas das principais instabilidades políticas e securitárias da região do Chifre da África. Baseado nas semelhanças entre as tribos somalis e, consequentemente, nas diferenças entre os somalis e os demais povos da região, o nacionalismo somali se coloca como uma importante variável no contexto regional. Assim, após analisar a Guerra de Ogaden, a ascensão do grupo Al Shabaab e a instauração da Missão da União Africana para a Somália, conclui-se que podem ser vistos nesses eventos diversos elementos do nacionalismo somali, tanto de forma direta como de forma indireta.
O presente artigo discute as relações neocoloniais franco-africanas no século XXI, avaliando suas linhas de continuidade e eventuais mudanças. Para tanto, adota metodologia qualitativa, apoiando-se em revisão de literatura e no método hermenêutico. O artigo se divide em quatro seções, além da introdução e da conclusão, as quais correspondem aos quatro governos que marcaram o período em questão (Jacques Chirac, de 1995 a 2007; Nicolas Sarkozy, de 2007 a 2012; François Hollande, de 2012 a 2017; e, Emmanuel Macron, de 2017 ao presente). Em linhas gerais, o que se evidencia a partir da análise de como cada um desses governos conduziu a política da França para o continente africano é que, apesar de as lideranças francesas recorrentemente emitirem discursos de transformação nas relações e de estas efetivamente passarem por algumas modificações pontuais, tais mudanças foram essencialmente formais, afetando pouco – ou nada – o conteúdo das relações que estruturam a Françafrique ao longo de todo o período.
Neste trabalho, pretende-se discutir a atuação dos organismos regionais e sub-regionais africanos na busca por uma solução da crise vivida na República dos Camarões desde 2016. Além de apresentar os elementos que levaram à transformação da Organização da Unidade Africana em União Africana, bem como as principais diferenças entre essas organizações, neste artigo, discutem-se os processos de criação e evolução da Comunidade Econômica dos Estados da África Central e da Comunidade Econômica e Monetária dos Estados da África Central, dando especial atenção para a sua atuação em tentativas de garantir a estabilidade da África Central, além de analisar a crise camaronesa, identificando os principais elementos que levaram ao seu surgimento e discutindo a sua evolução. Evidencia-se, a partir dessa análise, que a despeito da existência de estruturas institucionais, regionais e sub-regionais, voltadas ao tratamento de casos dessa natureza, elas não têm exercido suas prerrogativas e cumprido com suas responsabilidades, o que representa uma ameaça significativa de retrocesso em termos do panorama securitário africano.
Este trabalho busca identificar e analisar as diferenças existentes entre as operações de paz conduzidas na África por países do continente nos âmbitos da Organização da Unidade Africana (OUA) e da União Africana (UA). Com a independência de grande parte dos países africanos durante a década de 1960, diversos conflitos passaram a eclodir na África, configurando-se como importantes ameaças aos Estados do continente. Diante disso, em 1963, a OUA foi criada com o objetivo de prevenir e auxiliar na resolução destes contenciosos, de forma a garantir a estabilidade continental. A organização, contudo, era fortemente baseada em princípios estritos de respeito à soberania de seus membros, o que, em conjunto com o contexto de Guerra Fria, contribuiu para que sua atuação e sucesso em intervenções militares e na estabilização do continente fossem bastante limitados. Com o final da Guerra Fria e a crise neoliberal da década de 1990, os países africanos passaram a se defrontar com novos desafios, como o colapso de alguns governos, a eclosão de novos (ou renovados) conflitos, e a securitização de questões continentais por atores extrarregionais. Nesse contexto, e como uma forma de melhor enfrentar a nova realidade, a OUA foi substituída, em 2002, pela UA, que, além de ser dotada de um escopo conceitual e institucional muito mais amplo que sua predecessora, representou uma mudança de paradigmas acerca do conceito de segurança no continente africano. O presente artigo tem por objetivo, portanto, analisar de que forma a substituição do princípio de não-intervenção pelo princípio de não-indiferença, e da própria OUA pela UA, afetam a questão securitária na África, com atenção especial às operações de paz conduzidas por atores africanos no continente.
Abstract: This paper seeks to identify and analyze the differences between peace operations conducted in the African continent by African countries within the Organization of African Unity (OAU) and those conducted by the African Union (AU). The independence of most African countries during the 1960s was followed by a series of conflicts on the continent, representing important threats to the nascent African states. Thus, in 1963, the OAU was created, aiming to prevent these disputes and to assist in their resolution, in order to guarantee the stability of the continent. Nevertheless, the organization relied strongly in strict principles of respect for the sovereignty of its members, which, in conjunction with the Cold War context, contributed to making its operations and success in military interventions and in the stabilization of the continent very limited. With the end of the Cold War period and the emergence of the neoliberal crisis of the 1990s, African countries faced new challenges, such as the collapse of some governments, the emergence of new (or renewed) conflicts and the securitization of continental issues by foreign actors. As a way to better face the new reality established, the OUA was replaced in 2002 by the AU, which, in addition to being endowed with a much broader conceptual and institutional scope than its predecessor, represented a shift of the African security concept paradigm. The aim of this article is therefore to examine how the replacement of the principle of non-intervention by the principle of non-indifference and of the replacement of the OUA itself by the AU affect the African security, with special attention to peace operations conducted by African actors on the continent.
Keywords: OAU; AU; Peace Operations.